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Gritos - Xeg
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Gritos Xeg

Gritos - Xeg
[Verso 1]
Vêm com conversas, promessas, se tu cais ou tropeças
Ninguém te vai dar a mão por mais que tu peças
E tu pensas: somos peças com dispensas em remessas
Se te despedem, é bom que esqueças boa vida e te despeças
Da despesa supérflua que se atravessa no encargo
Realidade é um teatro, sabor da peça é amargo
Literatura mais dura que Eça e Saramago
E a música mais obscura que esta que agora trago
A vida é cínica, a comida é química e a chuva é ácida!
A еsperança é tímida, a mudança é mínima para que nunca se faça
Guarda o tеu posto de trabalho
Porque hoje de um dia pro outro tu podes ser posto no caralho
Isto é o oposto do que sonhámos, o oposto do que se quis
A frustração no nosso rosto é o rosto do país
Acabaram com direitos, não com tais privilégios
Privatizaram condomínios, hospitais e colégios
Onde vivem resguardados com tudo aquilo que criaram
Com medo que a gente lhes roube tudo aquilo que nos roubaram
Achas que venho falar à toa?
Preferem salvar os bancos do que salvar as pessoas
E o mal deste mundo, entre cínicos indefesos
É ver muitos presos políticos e poucos políticos presos

[Refrão]
Eu oiço gritos, gritos de terror
Gritos de quem pede ajuda mas já sem fé no Senhor
Eu oiço gritos, gritos de sufoco
Gritos que não se ouvem perante o silêncio dos outros
Eu oiço gritos, gritos de uma criança
Que morreu dentro de nós quando nos mataram a esperança
Eu oiço gritos, gritos de exaustão
De quem se escondeu na vida, atrás de uma côdea de pão
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