[Verso 1]
São oito da manhã
Raramente acordo cedo
Lavei a cara
Vesti-me bem
Tenho entrevista de emprego
Tem de ser, tem de ser
Quando é a sério não brinco
Vesti as calças de ganga
Fiz a barba, tirei os brincos
Tranquei a porta no trinco
Bazei até Lisboa
A vontade era pouca
A oportunidade era boa
O autocarro 'tá cheio
O das 8:20 não veio
Caem os primeiros pingos
O tempo começa a ficar feio
Toquei na campainha
Subi as escadas do edifício
Concentrado pa' não falar calão
E não deixar vestígios
Lá vinha a dona produzida
Parecia estrela de hollywood
Conta mais a apresentação
Que propriamente a atitude
'Tavamos a falar sobre os problemas do país
Ela viu as minhas habilitações
Torceu o nariz
9º ano?
Não, 11º incompleto
Foda-se mais uma vez
Esta merda não 'tá certo
Mudou o tom de voz, surpreendentemente
Disse-me que tinha de arranjar
Um emprego diferente
E foi buscar um dossier
Um bocado mais velho e estragado
Para ver com os meus conhecimentos
O que é que havia no mercado
Falou de um armazém a ganhar 80 contos
Trabalhar sábado de manhã
Ainda fora os descontos
Falou também doutra cena
Que eu disse logo que não
Era a vender não sei o quê
E a ganhar à comissão
Falou mais dois ou três
Da qual eu não me interessei
Trabalhar muito e ganhar pouco
'Tou de fora bazei
Então falei que cantava rap
Ela agora goza e ria
Aquela musica de pretos
Que passa na MTV
Ah o meu filho também gosta
Do Eminem tem a colecção toda
E dança hip hop no ginásio
Lá no caralho que o foda
Esqueça dona
Porque isso é irrelevante
O mal da sociedade
É pessoas como vocês
Terem papéis importantes
Mas a vida dá muitas voltas
E você devia de saber
Quem comanda é Deus
Então reze dona
Pa' que os seus filhos nunca venham a ter
Os mesmos problemas que os meus
Não vale a pena
Esta merda é o sistema
Dirigida por gente burra
Arrogante e pequena
Então bazei
Para a rua normal
Desempregado qual é o mal
Como há três anos e tal
Lembrei-me das histórias
Que o meu avô costumava contar
Colonização em África
25 de abril
E do Salazar
Quem um dia lutou para conseguir a democracia
Foi por isto que eles lutaram
Ou foi apenas o que conseguiram
Hoje não há ideias
Muito menos lutadores
Hoje é cada um por si
Somos todos consumidores
Burros espectadores daquilo que nos dão
Lutamos por coisas pequenas
É o consumismo, é ilusão
São oito da manhã
Raramente acordo cedo
Lavei a cara
Vesti-me bem
Tenho entrevista de emprego
Tem de ser, tem de ser
Quando é a sério não brinco
Vesti as calças de ganga
Fiz a barba, tirei os brincos
Tranquei a porta no trinco
Bazei até Lisboa
A vontade era pouca
A oportunidade era boa
O autocarro 'tá cheio
O das 8:20 não veio
Caem os primeiros pingos
O tempo começa a ficar feio
Toquei na campainha
Subi as escadas do edifício
Concentrado pa' não falar calão
E não deixar vestígios
Lá vinha a dona produzida
Parecia estrela de hollywood
Conta mais a apresentação
Que propriamente a atitude
'Tavamos a falar sobre os problemas do país
Ela viu as minhas habilitações
Torceu o nariz
9º ano?
Não, 11º incompleto
Foda-se mais uma vez
Esta merda não 'tá certo
Mudou o tom de voz, surpreendentemente
Disse-me que tinha de arranjar
Um emprego diferente
E foi buscar um dossier
Um bocado mais velho e estragado
Para ver com os meus conhecimentos
O que é que havia no mercado
Falou de um armazém a ganhar 80 contos
Trabalhar sábado de manhã
Ainda fora os descontos
Falou também doutra cena
Que eu disse logo que não
Era a vender não sei o quê
E a ganhar à comissão
Falou mais dois ou três
Da qual eu não me interessei
Trabalhar muito e ganhar pouco
'Tou de fora bazei
Então falei que cantava rap
Ela agora goza e ria
Aquela musica de pretos
Que passa na MTV
Ah o meu filho também gosta
Do Eminem tem a colecção toda
E dança hip hop no ginásio
Lá no caralho que o foda
Esqueça dona
Porque isso é irrelevante
O mal da sociedade
É pessoas como vocês
Terem papéis importantes
Mas a vida dá muitas voltas
E você devia de saber
Quem comanda é Deus
Então reze dona
Pa' que os seus filhos nunca venham a ter
Os mesmos problemas que os meus
Não vale a pena
Esta merda é o sistema
Dirigida por gente burra
Arrogante e pequena
Então bazei
Para a rua normal
Desempregado qual é o mal
Como há três anos e tal
Lembrei-me das histórias
Que o meu avô costumava contar
Colonização em África
25 de abril
E do Salazar
Quem um dia lutou para conseguir a democracia
Foi por isto que eles lutaram
Ou foi apenas o que conseguiram
Hoje não há ideias
Muito menos lutadores
Hoje é cada um por si
Somos todos consumidores
Burros espectadores daquilo que nos dão
Lutamos por coisas pequenas
É o consumismo, é ilusão
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